A menopausa é definida pela Organização Mundial da Saúde como a última menstruação na vida da mulher, momento em que chega ao fim a fase reprodutiva e que ela não pode mais engravidar (ao menos não naturalmente). Um dos sinais mais comuns de que esse episódio está chegando é a irregularidade nos ciclos menstruais.
Isso acontece porque há uma redução acentuada na produção dos hormônios sexuais femininos – o estrogênio e a progesterona –, causada pela deficiência da atividade folicular ovariana, com o avanço da idade. Os ovários são responsáveis por grande parte da produção desses hormônios. Por isso, mulheres que fizeram cirurgia de retirada desses órgãos também chegam à menopausa, independentemente da idade.
No processo natural, ela geralmente ocorre entre 48 e 51 anos (variando um pouco acima ou abaixo dessa faixa) e só é confirmada após um ano de amenorreia, ou seja, sem que a mulher menstrue. No Brasil e no mundo todo, a média de idade é em torno dos 50 anos.
Há também mulheres que apresentam insuficiência ovariana prematura (menopausa precoce) e a data da última menstruação ocorre antes dos 40 anos. “A tendência familiar é uma das causas, assim como doenças autoimunes, como o lúpus e as relacionadas ao cromossoma X”, explica o ginecologista Paulo Roberto Gonçalves, do Hospital Badim, no Rio de Janeiro.
O médico aponta outras causas: síndromes raras, tratamentos de quimioterapia e radioterapia pélvicas e cirurgia nos ovários. Quando ocorre, utilizam-se técnicas para preservar a fertilidade dessas mulheres através do congelamento de gametas. “A reposição hormonal recompõe o status hormonal, mas na maioria das vezes não alcançamos sucesso quanto à fertilidade”, diz o médico.
Mesmo na pós-menopausa, grande parte das mulheres ainda apresenta diversos sintomas. “Ondas de calor, secura vaginal, pele, cabelos e unhas ressecados, perda de libido, massa óssea e muscular e aumento da circunferência abdominal são alguns”, explica Ana Cristina Belsito, endocrinologista-chefe do Hospital São Vicente, no Rio de Janeiro.
SINTOMAS E TRATAMENTOS – Ao procurarem atendimento médico, as mulheres descobrem que estão no climatério, um conceito mais amplo usado para caracterizar a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo (pós-menopausa). É na perimenopausa, alguns anos antes da menopausa, que os sintomas surgem.
As mulheres percebem as irregularidades menstruais, reclamam dos fogachos ou ondas de calor, do ressecamento vaginal (a falta dos hormônios leva à atrofia da região genital), que causa dor nas relações sexuais.
Outros sintomas surgem, como a alteração no humor, sudorese, fadiga, enxaquecas, distúrbios no sono, depressão, irritabilidade e diminuição do desejo sexual. Há também o aumento da sensibilidade mamária, dificuldade de concentração e memória, queda de cabelo, aumento de gordura abdominal e ganho de peso. Cerca de 20% das mulheres não apresentam os sintomas, mas a maioria passa por essas sensações. A redução dos hormônios sexuais femininos também as deixam mais propensas a doenças cardiovasculares e osteoporose.
A indicação da melhor opção terapêutica dependerá de cada caso. Se a paciente possui patologias próprias ou de origem familiar, pode inviabilizar a terapia de reposição hormonal. “Em casos de câncer de mama ou de endométrio, doenças autoimunes como LES (lúpus eritematoso sistêmico), história de trombose, AVE (acidente vascular encefálico) e doenças hepáticas não se aconselha a terapia de reposição hormonal (TRH)”, diz a endocrinologista.
Quando há indicação e não há impedimento, a TRH é o tratamento de linha prescrito pelos médicos.
Em comprimido, gel, adesivo, as formas são variadas. “Para a atrofia da região genital, em que a mucosa fica mais fina e seca, recomendam-se principalmente hormônios de aplicação local”, diz o ginecologista e obstetra Luciano de Melo Pompei, presidente da Associação Brasileira de Climatério (Sobrac). Após a utilização da terapia, a paciente retornará ao seu médico para exames de rotina (a cada ano) e nesse momento o médico avaliará riscos e benefícios na continuidade, através de exames. Em caso da interrupção da TRH, pode ocorrer a volta de sintomas.
É importante ressaltar a importância de seguir algum tratamento, mesmo sem o uso de reposição hormonal. “Para o ressecamento vaginal, existem cremes com atuação apenas local. Há substâncias que previnem a osteoporose e dão proteção vascular, como os bisfosfonatos, cálcio, magnésio, vitaminas D e K2, que podem ser prescritas, sempre individualizando o tratamento”, explica o ginecologista Paulo Roberto Gonçalves.
Alguns medicamentos da família dos antidepressivos são indicados para diminuir as ondas de calor, segundo o médico Luciano Pompei. Há ainda os fito-hormônios, substâncias extraídas de plantas, com efeito parecido com o hormônio.
Recentemente, surgiram os dispositivos de liberação de energia, que são os lasers e as radiofrequências, com aplicação feita em consultório e clínicas médicas, que ajudam no alívio da secura vaginal. Buscar alternativas transforma essa fase, bastante estigmatizada, em um momento natural da vida da mulher.
COMO VIVER BEM APÓS A MENOPAUSA
Procure adotar um estilo de vida saudável e aproveite os aspectos positivos da nova fase. Não ter que se preocupar com gravidez nem com os ciclos menstruais pode tornar as relações sexuais mais prazerosas. A menopausa não precisa ser tratada como algo ruim, e sim apenas como um momento de mudanças.
Para isso é importante:
✓ Evitar o fumo,
✓ Procurar dormir bem
e ter um sono reparador,
✓ Ter uma alimentação balanceada e
rica em cálcio e derivados para ajudar
a aumentar a massa óssea e muscular,
✓ Fazer atividade física para
melhorar também a ansiedade
e depressão,
✓ Dedicar-se mais a si mesma
e buscar atividades e projetos
que sempre quis fazer.